“Ah look
at all the lonely people
Ah look at all the lonely people”
Ah look at all the lonely people”
Coloquei
a música certinha. Eu sei, eu sei, poderia ter sido aquela de quando você fez
o vídeo com nossas fotos no moviemaker (You
aaaare so beautifuuull to meeee), mas não. Escolhi essa.
Essa porque era nossa. Essa porque
não escuto mais e, hoje, especialmente hoje, escuto por sua causa.
Não vou
me preocupar com conjugações verbais, ou se tudo está no tempo gramatical
correto. Hoje, eu não ligo pro português. Foda-se o português. Quero que a gramática và à casa
do caralho. Eu só quero relembrar algumas coisas.
Lembra aquela
vez que a gente ficou se olhando na escada do colégio, e você ficou tentando
ver que livro eu lia? Era Só as mães são
felizes. Tu te recordas quando eu passei meu número pra você? Lembras
como tu ligaste pra minha casa, e eu tava ao lado do telefone (celulares não
eram muito importantes àquela época, e desculpa estar entregando nossa idade)
dançando Fighter da Christina
Aguilera porque tava nervosa. “Alô, a Anne Moura está?”.
Eu sempre vou rir disso.
Teve
aquela vez, também, na feira de literatura. Você pediu meu e-mail e não
entendeu o 88 do final. Eu repetia 88 de longe, com todo mundo a nossa volta. Até
que o povo ficou só olhando pra gente fazendo aquela grande burrice que era ser
adolescente. Ah, minha comemoração de aniversário de 16 anos. Você tava lá. Foi legal.
Eleanor
Rigby, picks up the rice
In the church where a wedding has been
Lives in a dream
Waits at the window, wearing the face
That she keeps in a jar by the door
Who is it for
In the church where a wedding has been
Lives in a dream
Waits at the window, wearing the face
That she keeps in a jar by the door
Who is it for
All the
lonely people
Where do they all come from?
All the lonely people
Where do they all belong?
Where do they all come from?
All the lonely people
Where do they all belong?
Pera só
um pouco, tive que dar um repeat na
música. Na verdade, mudei. Acabei de mudar: coloquei “Modinha”, daquele cd da
Elis e do Tom. Lindo aquele cd. Também tinha músicas nossas. Pensei
em hoje a tarde assistir a “Onde os fracos não tem vez”. Pensei em fazer uma
ode a você, como você deve ter feito muitas a outras meninas. Como você fez a mim com aquele desenho que por tantos anos decorou o seu quarto. O desenho. O desenho que fez com que sua mãe me reconhecesse. Mas não: o dia de
hoje, a semana, talvez o mês, o ano, são teus. Sem tempo definido pra acabar.
Vai, triste canção
Sai do meu peito e semeia a emoção
Que chora dentro do meu coração
Foi bom. Você
me ensinou sobre cinema, sobre literatura. Me encheu de Dostoievski até dizer
chega, meteu um Bukowski e me fez gostar de Wuthering Heights na versão de 1931. Muitas vezes, acho que você só era você quando tava
comigo. Desculpem as outras, eu sou especial. Perdoem as que vieram depois,
mas, por muito tempo, o seu coração foi só meu.
Hoje as coisas estão ruins, e gostaria de estar contigo, mas não posso. Faria mal. Acho que você não quer aparecer para mim assim, acho que sua mãe não quer que o vá vê-lo. Mas cada carta está guardada, cada presente, as alianças. Acho que meu compromisso contigo foi tão grande que me ferrei a ponto de me associarem a ti até o fim dos meus dias. Aliás, gostaria de te dizer que ontem recebi muitas ligações. Não sabia o que dizer, só chorar. Talvez eu só chore por um bom tempo, porque, de um modo bem irônico, estou sentindo sua dor.
Mas, olha,
eu prometo, por toda minha vida, ser somente tua e amar-te como nunca ninguém jamais
amou alguém.
PS: eu
não te perdoarei por me ensinar a fumar, mas te desculpo porque todos
esses aprendizados eram regados a Rick e Renner, lá no bar da mariana.
PS2:
desculpa por ter vomitado tequila em você no Natal de 2009.